O mercado confiar no direcionismo artístico de governos - que na área cultural se expressam unicamente de modo obscuro e autoritário - patrocinando eventos voltados a supervalorizar acervos particulares reunidos às pressas, acervos que de maneira pouco clara promovem pinturas, desenhos, esculturas de origem discutível, de fatura pouco verificada, só mostra o tamanho de nosso atraso civilizatório.
Pior é ver tudo embalado em um evento oficial que exige a mais completa "higinização" da obra para que possa ser exposta em suas paredes. Aí, nas mãos de sabesse lá que tipo de restauradores, as obras sofrem uma agressiva limpeza que chega mesmo a apagar qualquer expressão de origem autoral, deixando a obra plana e sem as marcas inerentes à construção por algum ser humano, nenhuma vestígio de existência temporal, o produto se apresenta novo; bem algo gosto de uma burquezia emburrecida, sempre deslumbrada, por frequentar apenas os salões das altas rodas do Poder. Higinização que é feita sem a apresentação de laudos que indiquem a necessidade de qualquer intervenção. Já vem de mais de décadas esse violento expediente em acervos e salas de governos... Minha impressão, sempre olhando o resultado geral de uma dessas mostras e comparando com originais que eu realmente conheci, tudo acaba com aquele ar de obra lavada por um produto comercial chamado QBoa, água sanitária que provoca o esbranquisamento das peça "tratada"; ou, de um malfeito Photoshop, uma apagada fotografia do que já foi um dia. Não sei que valor essas obras terão ao logo do tempo. Nos faltam críticos que não tenham sido cooptados pelo farsa rocambolesca das políticas de governo.
